Destilando a Miséria Humana.

Um pouco de sujeira, feiúra, imoralidade, amoralidade, sadismo, nonsense e absurdo. Gloriosas infamidades! Uma visão diferente daquilo que não queremos ver ou ouvir falar. Mentes perturbadas destilando o real, pesado real. Tapas na cara, talvez.

Name:
Location: Afghanistan

12.8.07

Sacerdote.

Os imperfeitos chegam em grupos de vinte no máximo. São levados ao meio da arena, que já está rodeada pela turba inquieta de homens perfeitos e livres. O levantar da mão esquerda de Maria, a noiva, orienta o motorista a inclinar a caçamba, fazendo os aleijados caírem uns sobre os outros na areia fofa. O caminhão sai de cena. O amontoado de seres no centro da arena mexe-se homogeneamente, parece ser um ser só, como um aglomerado de vermes mexendo-se sobre uma pedra quente. As crianças entram trazendo consigo as pedras, não maiores do que seus próprios punhos. Começa assim o tratamento da carne, mantendo as cabeças intactas. Após as crianças, entram as ninfetas lideradas por Maria, montadas em potros brancos, trazendo as espadas, que servirão para arrancar os pálidos e débeis membros dos indivíduos que compõe a massa rastejante na areia ensanguentada e também os olhos, estes com um cuidado exepcional, usando lâminas menores que escondem-se nas celas dos cavalos. Terminado este trabalho, a noiva nua e salpicada de sangue, conduz as outras virgens para o portão. Esta é a minha deixa. Entro. Nu e bezuntado sob a algazarra da multidão ensandecida, com meu cajado e duas cabaças de azeite amarradas pela trança de couro que abraça minha cintura. O frenesi da massa estremece as bases da Arena. Preciso sentir a vibração da agonia dos desgraçados enquanto fustigo violentamente suas gargantas e, depois, em menor intensidade quando fustigo seus cérebros com minha ferramenta de pura carne, só assim saberei se o casamento do Imperador trará prosperidade para nós.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

muito bom, mesmo

5:26 AM  

Post a Comment

<< Home